sexta-feira, 22 de abril de 2011

Querido amigo,





sou uma fotografia envelhecendo.
certas vezes sinto que estou parada no tempo,
outras, percebo os vários tempos parando em mim.
minha tentativa de controlar o instante
[um par de semibreves
que a chuva faz quando anuncia que não vai mais cair]
é o bolor das horas seguintes.
essas pernas que me andam
enferrujam o presente.
finjo marcar caminhos,
mas em verdade espero
que os caminhos me marquem.



domingo, 17 de abril de 2011

Eis que

os poetas também mudam de casa.
quando se cansam
de riscar o chão e descortinar o céu,
passam a desabreviar o calor
em tantos graus que se consiga transitar
entre o elo perdido
do tesouro e o nada.