terça-feira, 24 de abril de 2012

Se tentasse ler



em voz alta, tão logo a rouquidão se achasse, o silêncio se alastraria ao longo de decênios e mesmo aí não estaríamos no fim.
Não posso te dizer.
Que essas palavras todas gastas, presas na boca de tanto uso, são mais mudas quando ditas que quando caladas, porque não são o que é, não são o que sou. E não posso me dizer.

Cá estou, mas não da maneira como tu esperas encontrar.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

m.,



do que é que o tempo
se atenta a dizer às
coisas da vida.
sabe-se mais, e há pouco
sabe-se nada.
Mas, se é verdade, creio,
os instantes passam
e nem tudo que envelhece
ganha idade,
há o que renasça.




domingo, 12 de fevereiro de 2012

meus papéis


grudados na janela

escorrendo a chuva por detrás do vidro
fazem zig-traço-zag


todos os verbos choram andorinhas



domingo, 5 de fevereiro de 2012

Esse tom



sóbrio
para dizer a insanidade
tento encontrar,
mas as formas, todas elas
não se dão
perdidas, barulhentas
são


portas emperradas
que meus lábios
se recusam a mover


estou a calar
para que enxergue:
a tantos passos da mudez,
infinitamente
grito


me abra.

Estou



farta do real.


a verdade é um eufemismo de tolos
escrito com marasmo e incerteza.